terça-feira, 30 de novembro de 2010

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nesse semestre me perdi nos meios acadêmicos. infelizmente.
felizmente chegaram meus livros!!!

quem quiser, fale.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

não quero.



Eu nasci, sempre tive tudo o que quis. Excelentes pais mesmo não tendo a estrutura perfeita. Quando criança ia a praia, construia castelos de areia, só usava calcinha e a entupia de areia. Brincava na rua de bola, de ginástica, bicicleta até a noite sem perigo algum. A casa da minha tia-avó era a casa dos sonhos, tinha todos os doces, brinquedos, primos e farra. Meu primo gay sempre me travestia e me ensinava as coreografias da Madonna.
Na adolescência era rebelde, não falava com ninguém (bom, desde criança fui assim, minha mãe foi chamada no meu pré, pois eu não queria me relacionar com meus colegas de classe). Usava roupas escuras, cabelo preto e maquiagem forte. Tentava fugir do que a maioria era. Acabei entrando numa escola de patricinhas, sai de lá com a única amiga que entrei, pelo menos sai. Tive boas festas góticas proibidas para menores, mas eu tinha identidade falsificada - que fiz questão de picá-la quando me tornei maior.
Entrei pra faculdade num lugar esquecido, talvez tenha me tornado esquecida. Mas tudo aconteceu de uma forma que hoje posso dizer que eu quis assim.
Eu só quero resgatar tudo isso e fugir da minha maturidade atingida, ter uma liberdade inalcansável, uma insanidade mental de raros, a beleza pura e simples dos tolos.
Quero a ânsia de viver. Quero aprender, viver, correr. Quero cansar, parar, respirar, ter filhos, amar mais ainda se possível. Não quero cair no esquecimento.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ulisses.




"Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe.

Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.

Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada
dia. "

(Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector)

Ulisses, chegou. : ) (foto)

terça-feira, 20 de abril de 2010

uma casa no campo




Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
(Sá, Rodrix e Guarabira)

- Acordei um dia com o espírito de fugir da civilidade, de não querer mais estudar para entender minha raça e trabalhar por ela. O único problema é que esse espírito se habitou em mim e não sai mais. A minha única vontade é sumir pro meio do mato, descobrir o que a natureza pode me dar e esquecer que eu sou dessa fraca, miserável e burra raça.
Quero manter meu corpo limpo, longe das imperfeições do homem, quero ser natureza, quero viver sem essa dor de ser quem sou.
Não quero as dores de necessidade de companhia, de querer um abraço, sendo que o vento me fortalece muito mais. O homem é necessário para o outro homem, um animal que não consegue viver só. Eu quero viver só, mesmo adoecendo por necessitar companhia.
Eu quero uma casa no campo, um marido pode ser também, pra preparar a terra e cuidar dos animais maiores. Quero acordar com o sol batendo na janela, tomar leite direto da vaca e acordar todos com o cheio de café feito em coador de pano. Fazer broa em forno a lenha, comer as frutas que dão no meu jardim.
Seria tão dificil fugir da civilização? - Eu só quero toda paz.


*
Fugindo de Letras e entrando no Meio Ambiente. Terminarei o primeiro porque não gosto de desistir no meio do caminho, mas período que vem será muito melhor. Ahh, termina 2010/1!

terça-feira, 13 de abril de 2010

a essência humana não se encontra em máquinas



O que o conduz, o que o faz pensar, o que faz ser. Cada um com sua personalidade forjada através de máquinas, onde passam o dia em sua frente perdendo a essência que diziam ter. A vida se resume ao maquinário, o tempo perdido parece ganho por obter informações fúteis através de iluminação.
A rua é forjada, as pessoas não são as mesmas. O medo o assombra pois as pessoas por fotos são mais prazerosas do que as pessoas por si só. Não há o sentimento de instigar, mas de investigar... maquinalmente?
São descobertas não feitas, pseudo experiências de um mundo não mais mundo. Desmundo? A nova ordem mundial é feita através de dedadas.
O homem não mais observa através dos seus próprios olhos... há uma tela os cegando.


-não quero o conformismo.

domingo, 11 de abril de 2010

Somebody that i used to know



E foi tudo o que aconteceu. Marquei minha vida, montei uma história, agora que acabou vivo em paz. Tento. É a dor sufocante de quem um dia tentei salvar. Fui salva e me afoguei. morri e vivo em paz. a história acabou.
Voltarei para os braços que sempre me receberam, voltarei, regredir? Posso estar não pensando mais em mim, ou pensando demais. Eu já salvei quem eu tinha que salvar aqui. Já vivi o que tinha que viver, e sufoquei-me. Nada foi em vão. No começo quem desistia não era eu, e eu estendi as duas mãos e com toda a força puxei pra vida quem no abismo estava. Eu salvei, mas não fui salva. Não me permiti. Agora preciso voltar a respirar, não consigo mais... não!
Voltarei pra casa, cabeça baixa, caixas empacotadas, dias contados. Ah! Meu rosto lavado, molhado e triste. O quanto me dói não poder viver o que queria. Não sei mais.
Mas nada foi em vão. Segurei-me em um lençol pra tentar não cair. Solto. Espero que até acordar valha a pena.
Sei que pra quem salvei está valendo. Tento me confortar.

Quero só o tempo mostrando-me a essência de não mais ser.

I had tender feelings that you made hard,
But it's your heart, not mine, that's scarred.
So when i go home, i'll be happy to go -
You're just somebody that i used to know.

You don't need my help anymore,
It's all now to you, there aint no before,
Now that you're big enough to run your own show
You're just somebody that i used to know.

I watched you deal in a dying day,
And throw a living past away,
So you can be sure that you're in control,
You're just somebody that i used to know.

I know you don't think you did me wrong,
And i can't stay this mad for long,
Keeping a hold of what you just let go -
You're just somebody that i used to know.

(Elliott Smith)

terça-feira, 6 de abril de 2010

I brace myself



No walls,
Can keep me protected
No sleep,
Nothing inbetween me and the rain
And you can't save me now,
I'm in the grip of a hurricane
I'm gonna blow myself away.

I'm going out,
I'm gonna drink myself to death
And in the crowd
I see you with someone else,
I brace myself,
Cause I know it's going to hurt,
But I like to think at least things can't get any worse.

No home,
I don't want shelter,
No calm,
Nothing to keep me from the storm,
And you can't save me now,
I'm in the grip of a hurricane,
It's gonna blow us all away.

I'm going out,
I'm gonna drink myself to death
And in the crowd
I see you with someone else,
I brace myself,
Cause I know it's going to hurt,
But I like to think at least things can't get any worse.

I hope that you see me,
Cause I'm staring at you,
But when you look over,
You look right through,
Then you lean and kiss her on the head,
And I never felt so alive, and so.. dead.

I'm going out,
I'm gonna drink myself to death
And in the crowd
I see you with someone else,
I brace myself,
Cause I know it's going to hurt,
I'm going out, woah-oh-o

-Acordei com ressaca, preparei uma xícara de café ainda com a ânsia do dia anterior, ainda derramando as lágrimas que a tentativa de alívio me causou. Caminhei com passos arrastados e pesados através das grandes tábuas de madeiras, abri a janela e vi o tempo que se espelhava a mim. Triste, gelado, cinzento.
Observei a rua e as pessoas que caminhavam pela calçada, com passos tranquilos sobre as pedras cinzas da cidade.
Terminei o café e acendi um cigarro. As lágrimas voltaram a correr, eu desisti. Tive que desistir. Parecia que toda uma vida foi em vão, então eu liguei pra minha mãe.
- Voltei com meu namorado, filha.
- Você precisa se abrir mais comigo, mãe, às vezes não é fácil.
- Mas eu o amo.
- Eu sei. Você está feliz?
- Muito.
- Eu só quero que você seja feliz.
Desliguei, caminhei lentamente olhando para meus pés se rastejando e sentei no sofá. Olhei para os lados e tudo vazio. Mais lágrimas caiam, tentando entender o que eu não sabia o que era.
Só sei que não queria, não queria estar assim e não queria que tivessem feito isso comigo.
Me mataram e agora preciso nascer, mas eu não estou conseguindo respirar.


*O que me conforta é pensar que as coisas não podem piorar. Não foi justo.